terça-feira, 16 de novembro de 2010

Acelera nossas vidas, Ayrton!

Fazia tempo que eu não saía do cinema chorando. O filme acabou, as luzes acenderam, minhas pernas ligaram o automático para ir embora e, do lado de fora, não aguentei e voltei a chorar. Eu andava pelos corredores do shopping abraçada ao meu marido e as lágrimas correndo, correndo... As pessoas me olhavam e deviam estar pensando: “Nossa, coitadinha, deve ter morrido alguém da família...” Sim, morreu alguém sim. Há 16 anos. Alguém da família Brasil... Ayrton Senna.

Resisti muito para ir ver o documentário Senna. Achei que não fosse gostar porque sempre detestei corridas de Fórmula 1. Mas, no feriado chuvoso, eu e minha família fomos ao cinema assistir a uma comédia nacional e, para nossa surpresa, não havia mais lugares. Como nossa caçula ainda não consegue ler legendas, fomos forçados a optar pelo documentário (pra alegria do Rômulo, que estava louco pra ver!). A fila para comprar ingressos estava quilométrica. Todas as salas lotadas. E aí aconteceu a segunda surpresa: acho que nem 1/3 das poltronas estavam ocupadas para Senna. Uma pena...

O documentário é emocionante! Apesar de não entrar muito na vida pessoal do corredor, pincelou o suficiente para deixar claro que ele era um cara família, humilde, preocupado com o social e repleto de garra e fé. Como eu sempre acompanhei a carreira de Senna por tabela (não via as corridas, mas, óbvio, me emocionava com as vitórias amplamente televisionadas), não conhecia esse lado dele. Pelo contrário, lembro bem que o que mais ouvia sobre Senna eram fofoquinhas do tipo “ele é gay. Sai com mulheres bonitas apenas pra disfarçar”. Então, a surpresa número 3 da tarde foi descobrir o ser humano maravilhoso que ele foi. Sempre preocupado em se melhorar, em evoluir, em todos os campos de sua vida.

A velha máxima “Deus escreve certo por linhas tortas” faz total sentido no caso de Senna. Ele viveu pouco, mas o suficiente para deixar um megaexemplo para a humanidade. Pelos estranhos desígnios de Deus, ficou entre nós por pouco tempo, mas o suficiente para plantar uma semente do bem que acabou virando instituto. E continua até hoje brotando não apenas em ações sociais, como também no simples fato de mostrar às pessoas como é possível ser rico, bem-sucedido, e ainda assim saber que tudo isso é presente de Deus e que é a fé que move o mundo. Isso é algo que o filme nos passa. Pelo menos foi o que mais chamou minha atenção. E fiquei feliz por minhas filhas estarem comigo assistindo ao filme, para poderem entender como se deve proceder para sermos “homens de bem”.

Na manhã em que Senna morreu, eu era recém-casada e tinha, à tarde, um churrasco de aniversário para ir. Lembro bem que nunca vi nada igual. Todos os convidados estavam cabisbaixos, apáticos... A comoção foi geral. E pobre da aniversariante que tentava se mostrar alegre e saltitante para não deixar a peteca da festa cair. Mas a peteca já tinha caído. Aquele foi um dia tristíssimo para o Brasil. E mesmo eu, que não era fã de F-1, consegui compreender a dimensão daquela perda.

E agora o filme resgata isso. Para não deixar cair no esquecimento das pessoas quem foi Ayrton Senna. Dizem que brasileiro tem memória curta. Que este documentário cumpra o efeito fosfosol em todos nós. Se cada um fizer 1/10 das ações positivas de Senna, o mundo há de ser melhor.

19 comentários:

Fernando Freire Jr. disse...

Costumo comparar aquele primeiro de maio de 1994 com o 11 de setembro de 2001. Naquele dia, assim como os americanos, nós fomos abalados de uma forma inigualável. Perdemos no mesmo dia algo que era simbólico para a pátria, uma pessoa querida como se da família fosse e acima de tudo perdemos algo que nos orgulhava a todo domingo, que nos fazia sentir melhor. Que nos fazia gritar que éramos os melhores no mundo.
E assim como o 11 de setembro, não há um brasileiro que não se lembre com exatidão de como foi aquele dia. Como e onde assistiu à corrida (ou como soube da notícia) e é impossível esquecer a angustia das notícias ao longo da tarde, o comunicado da morte e o longo e sofrido Fantástico daquela noite.
Vou ao cinema com caixas de lenços... Vai ser um mico só!

Marcio Bruno disse...

Boa comparacao do Fernando. Todo mundo lembra onde estava e o que estava fazendo naquele dia. Lembro que acordei e a corrida ja tinha começado, e nao acreditei quando o Galvao dizia que o Seena tinha sofrido um acidente mas que estava tudo bem. Apesar das palavras nao soarem como verdadeiras. Parecia que todo mundo ja sabia o que estava acontecendo.
Outro fato curioso foi o enterro dele. Estava em São Paulo e vi o cortejo passar, varios carros e helicopteros acompanhando nas marginais de São Paulo que estavam paradas como de costume, mas nao por causa do transito mas para ver seu maior Idolo passar.
Por isso nao vou ao cinema, prefiro chorar sozinho em casa que pagar mico. hahaha

Thiago Brigada disse...

Ainda não vi, mas quis ir ver o documentário no feriadão. Mas não deu...
O mais legal do documentário, pelo o que vi, são as imagens de bastidores. Como alguém que acompanha as corridas desde moleque (com Piquet, Mansel, Prost, Patresi, etc.) é o que mais me motiva a ver o filme. O Senna eu já conheço bem: sua vida, suas conquistas, seu espírito a frente do mundo em que viveu e suas façanhas.
Mas, de repente, até nisto o documentário pode me surpreender também!

Marcus Vinicius disse...

Sempre fui fã de F1 e de Senna. O que mais me impressiona nele é a obstinação de ser o melhor no que faz... Trabalhava incansavelmente para alcançar este objetivo deixando a todos boquiabertos com seu profissionalismo e sua dedicação ao esporte!

Fabio Bastos disse...

Não tenho nada contra o Senna e lamento sua morte, mas não compactuo com essa idolatria ao campeão de F1. Éle é responsável por uma parte do título, o resto, e de bastante peso, deve-se a equipe, aos projetistas, engenheiros, mecãnicos,etc. Seria mais justo se todos corressem com carros iguais. Vide o Schumacker que correndo por uma equipe de segunda este ano foi um fiasco. Ele é um piloto ruim?
Acho que um jogador de tênis, um atleta, nadador, tem mais valor quando é campeão do que um piloto de F1. Por essas e outras não vou ver o filme.
Abs
Fabio

. disse...

Ótimo post! Estou doida para ver o filme, pois sou fanzoca do Senna. Um carisma! A idolatria toda a ele vem do fato dele, com certeza, ser (não gosto de ter sido, pois para mim ele vive em suas obras) uma pessoa extremamente CARISMÁTICA o que não é o caso, por exemplo do Schumacher!

Mattosquela disse...

Engraçado que eu me lembro exatamente desse dia também, foi um tradicional almoço de familia na casa da acó completamente silencioso e estranho. E no fundo eu, ainda criança, esperava que uma hora o noticiário repentino diria que tudo não havia passado de um grande engano, e todos voltariam a falar e conversar desordenadamente no almoço, como sempre havia sido.

Mila Mittos disse...

AAH Q FOFO ESSE... ♥ fikou mt fofo mãe

ira disse...

Inesquecível quando Galvão narrou "SENNA BATE FORTE!"Que dor! fiquei prostrada, apática, estava sózinha na sala... Ele dava alegria aos nossos domingos, para vê-lo vencer, assistia até de madrigada, quando era no Japão. Imensa saudades e profundo respeito a essa figura humana que hoje provavelmente atua como anjo protetor de nosso Brasil! Seus temas sempre mexe conosco. Beijinhos

Chris Araújo Angelotti disse...

Em um país que tem memória curta,no qual as crianças não têm ídolos nacionais, Senna foi a ruptura com tanta coisa... Nós eramos campeões com ele, nós víamos que a vitória vinha com trabalho, luta suor e muito,mas muito amor pelo que se faz. Nós fomos privilegiados por termos acompanhado um ídolo vivo e termos vivido com ele tantos momentos especiais. Amei o post, Ana! bjs

Anônimo disse...

Acabei de receber esse e-mail de uma amiga pedindo para votar no Senna como o melhor piloto dos últimos tempos. Vamos lá galera, vamos votar!
Senna já está com 69 % dos votos

Vote no Ayrton Senna
Olá pessoal, esse título é dele por direito !
Vamos lá.
Amigos, já votamos no Cristo Redentor e ganhamos... Agora é hora de votarmos no grande:Ayrton Senna
Não está sendo divulgado no Brasil. Pessoal, vamos votar naquele que carregou a
bandeira brasileira. O Jornal Corriere della Serra, da Itália, está fazendo uma enquete para saber quem é considerado o maior piloto de F1 de todos
os tempos. APENAS CLIQUE NO LINK ABAIXO, VOTE E DEPOIS REPASSE PARA OS AMIGOS.

http://www.corriere.it/appsSondaggi/pages/corriere/d_96.jsp


Rosi.

Tais Prôa disse...

Agora fiquei com vontade de ver esse documentário!!!
Nem sabia que tinha, acredita!!
Legal quando a gente vê o quanto alguém pode ser importante mesmo por pouco tempo!!

Regina Paranhos disse...

Quase tudo já foi dito sobre ele.Só p complementar,faço minhas as palavras da Tina Turner,ao saber da presença dele no show,cantando "You are the best".
Bjs da Regina

Anônimo disse...

Olha eu aqui novamente, comentando...

Adorei seu post, embora não tenha assistido o documentário.

Bjks e até breve!

Anacrys disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anacrys disse...

Houve uma frase que me chamou mto a atenção. Colocaram uma faixa enorme em uma passarela (em São Paulo), onde o cortejo iria passar que dizia o seguinte:
"NEM A GENTE SABIA QUE TE AMAVA TANTO!"
E era verdade...
Nossa, me lembro que desabei...

Roger Gorini disse...

Para quem amava a postura e a dignidade de Ayrton, a emoção ao assistir o doumentário flui naturalmente....

Paulo disse...

Ayrton Senna foi e é um sonho de realização de muitos brasileiros.
Devemos por de lado todos assuntos relacionados com "fofocas", muitas das vezes não correspondem a verdade. Mesmo que fosse verdade isso não tiraria dele o mérito do que conseguiu.
Existe muita inveja no nosso Mundo e esta inveja destrói e denigri o verdadeiro valor pessoal de cada um.
Um abraço.

Paulo disse...

Ayrton Senna foi e é um sonho de realização de muitos brasileiros.
Devemos por de lado todos assuntos relacionados com "fofocas", muitas das vezes não correspondem a verdade. Mesmo que fosse verdade isso não tiraria dele o mérito do que conseguiu.
Existe muita inveja no nosso Mundo e esta inveja destrói e denigri o verdadeiro valor pessoal de cada um.
Um abraço.