quarta-feira, 11 de maio de 2011

Peças fundamentais




Era uma vez uma foto. E nela estava um grupo de amigos. Amigos de verdade. Amigos-irmãos. Longos anos de caminhada juntos pela vida.



Todos riem na foto. Dá para perceber que os risos não são apenas para sair bem na fita. É mesmo o reflexo de que ali há felicidade, cumplicidade, união, alegria, companheirismo...


Mas, de repente, a foto começa a rachar. As ranhuras vão transformando aquela imagem em um quebra-cabeça. Cada rostinho feliz vira uma peça. Elas, contudo, permanecem juntas. Quem ousaria desmontar tão bela cena?


Ele. Ele ousaria... Não por maldade. Apenas porque tem que ser...


E, com sua mão poderosa, retira a primeira peça.


As outras ficam perplexas, mas continuam unidas.


Ele veio outra vez. Mais uma peça...


Ele de novo? Lá se vai outra peça!


Qual seria a próxima peça a se soltar?


Isso não importa. O que vale é saber que as peças soltas estão sendo levadas para outro lugar por aquela mão que tudo faz perfeito. Um dia, todas as peças se reencaixarão. E o quebra-cabeça voltará a ficar completo.



André, Claudio, Dudu...

Qualquer dia, amigos, a gente vai se encontrar...







terça-feira, 16 de novembro de 2010

Acelera nossas vidas, Ayrton!

Fazia tempo que eu não saía do cinema chorando. O filme acabou, as luzes acenderam, minhas pernas ligaram o automático para ir embora e, do lado de fora, não aguentei e voltei a chorar. Eu andava pelos corredores do shopping abraçada ao meu marido e as lágrimas correndo, correndo... As pessoas me olhavam e deviam estar pensando: “Nossa, coitadinha, deve ter morrido alguém da família...” Sim, morreu alguém sim. Há 16 anos. Alguém da família Brasil... Ayrton Senna.

Resisti muito para ir ver o documentário Senna. Achei que não fosse gostar porque sempre detestei corridas de Fórmula 1. Mas, no feriado chuvoso, eu e minha família fomos ao cinema assistir a uma comédia nacional e, para nossa surpresa, não havia mais lugares. Como nossa caçula ainda não consegue ler legendas, fomos forçados a optar pelo documentário (pra alegria do Rômulo, que estava louco pra ver!). A fila para comprar ingressos estava quilométrica. Todas as salas lotadas. E aí aconteceu a segunda surpresa: acho que nem 1/3 das poltronas estavam ocupadas para Senna. Uma pena...

O documentário é emocionante! Apesar de não entrar muito na vida pessoal do corredor, pincelou o suficiente para deixar claro que ele era um cara família, humilde, preocupado com o social e repleto de garra e fé. Como eu sempre acompanhei a carreira de Senna por tabela (não via as corridas, mas, óbvio, me emocionava com as vitórias amplamente televisionadas), não conhecia esse lado dele. Pelo contrário, lembro bem que o que mais ouvia sobre Senna eram fofoquinhas do tipo “ele é gay. Sai com mulheres bonitas apenas pra disfarçar”. Então, a surpresa número 3 da tarde foi descobrir o ser humano maravilhoso que ele foi. Sempre preocupado em se melhorar, em evoluir, em todos os campos de sua vida.

A velha máxima “Deus escreve certo por linhas tortas” faz total sentido no caso de Senna. Ele viveu pouco, mas o suficiente para deixar um megaexemplo para a humanidade. Pelos estranhos desígnios de Deus, ficou entre nós por pouco tempo, mas o suficiente para plantar uma semente do bem que acabou virando instituto. E continua até hoje brotando não apenas em ações sociais, como também no simples fato de mostrar às pessoas como é possível ser rico, bem-sucedido, e ainda assim saber que tudo isso é presente de Deus e que é a fé que move o mundo. Isso é algo que o filme nos passa. Pelo menos foi o que mais chamou minha atenção. E fiquei feliz por minhas filhas estarem comigo assistindo ao filme, para poderem entender como se deve proceder para sermos “homens de bem”.

Na manhã em que Senna morreu, eu era recém-casada e tinha, à tarde, um churrasco de aniversário para ir. Lembro bem que nunca vi nada igual. Todos os convidados estavam cabisbaixos, apáticos... A comoção foi geral. E pobre da aniversariante que tentava se mostrar alegre e saltitante para não deixar a peteca da festa cair. Mas a peteca já tinha caído. Aquele foi um dia tristíssimo para o Brasil. E mesmo eu, que não era fã de F-1, consegui compreender a dimensão daquela perda.

E agora o filme resgata isso. Para não deixar cair no esquecimento das pessoas quem foi Ayrton Senna. Dizem que brasileiro tem memória curta. Que este documentário cumpra o efeito fosfosol em todos nós. Se cada um fizer 1/10 das ações positivas de Senna, o mundo há de ser melhor.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem

Um bom tempo atrás, li uma historinha na Internet que falava sobre um casal que passou a vida toda escrevendo nos locais mais inusitados a seguinte “palavra”: Neoqeav. Nem os filhos sabiam o que aquilo significava. Quando, já idosos, a mulher faleceu, o marido escreveu na lápide: Neoqeav. E só então revelou aos filhos que se tratava de uma sigla: Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você.

Contei essa história pro Rômulo e passamos a adotá-la entre nós em bilhetinhos-surpresa ou no espelho suado após um banho quente. Até que, em 11 de janeiro de 2007 (quando completamos 13 anos de casados), resolvi eternizar nossa jura de amor: tatuei Neoqeav no cóccix, local estratégico para ser apreciado unicamente pelo meu amor. Ele adorou, lógico! Só que, nossa, como doeu. No meio da tatuagem, eu estava quase arrependida. Mas fechei os olhos e comecei a me lembrar de como tudo começou... De como entramos num apartamento vazio tendo apenas um colchonete e uma TV emprestados, uma geladeira anos 50 que havia sido da minha avó, um fogão que já estava no imóvel e... nossos corações repletos de amor e de esperança! Ao reviver o sentimento imenso que tínhamos um pelo outro, as lágrimas rolaram pelo meu rosto e a tatuadora achou que eram de dor... Mas eram de felicidade...

E agora, 21 de outubro de 2010, data em que comemoramos 17 anos de namoro, recebi o que nunca esperava. Afinal, eu não tinha me tatuado esperando retorno. Foi apenas uma declaração de amor. E ela voltou para mim amplificada. Em letras quase garrafais, no peito, para todo mundo ver, Rômulo tatuou também Neoqeav. Eu quase tive um troço quando vi. Nunca imaginei que pudesse receber um presente tão maravilhoso!!!! A sensação de ver o amor estampado na pele é inenarrável. A minha tatuagem é menor e escondidinha... Mas o Rômulo não quis esconder de ninguém um fato raro: 17 anos depois, a gente continua se amando... E o grito, que antes era para ser ouvido só por nós dois, agora ecoa para quem quiser escutar: NÃO ESQUEÇAM O QUANTO A ANA E O RÔMULO SE AMAM...

O engraçado é que ele confessou que fazer essa tatuagem também doeu à beça. Mas, no dia seguinte à surpresa, me telefonou e disse: “Não me arrependo, em nenhum instante, da dor que senti. Faria tudo de novo só para ver novamente a sua cara emocionada.”

O Rômulo tem essa capacidade de me fazer rir a maior parte do tempo e de me fazer chorar de emoção. Está certo que temos nossos momentos “chatinhos”, senão ele não seria meu marido, e sim um amigo com quem adoro sentar para tomar um chope. Mas, acima de tudo, Rômulo desperta em mim uma profunda admiração. Por tudo, tudo, tudo o que ele é (e quem o conhece sabe que homem é esse que eu tenho a meu lado). E acho que você admirar a pessoa que está com você é meio caminho andado para querer ficar com ela para sempre.

Esse post é para você, meu amor! Nunca esqueça o quanto eu amo você... Nunca esqueça que eu quero estar sempre com você...


Pequenas declarações de amor no dia-a-dia são como adubo, que vai deixando a planta-casamento sempre viçosa. Grandes declarações de amor como essa são como a força da água, capaz de gerar energia para o casamento se manter aceso por muitos e muitos anos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Uma criança pra chamar de sua

Ele chegou até nós pelo correio. Não houve cegonha, inseminação artificial, nem visitas burocráticas a assistentes sociais. Mesmo assim, a alegria foi imensa. Na noite de segunda-feira, véspera do Dia das Crianças, Rômulo me entregou um envelope e pediu que eu o abrisse. Fui rasgando o papel com grande expectativa, diante do imenso sorriso de meu marido. E quando de dentro do envelope saiu a foto de um menino com semblante meio “monalisa” (não sorria, mas expressava tanta coisa em seus olhos), fiquei extasiada e com lágrimas nos olhos.

– Você adotou uma criança?

– Sim, ainda não é o filho que iremos adotar um dia,?mas já é um começo... – respondeu meu marido, lembrando do compromisso que assumimos 17 anos antes, quando decidimos ter três filhos: dois de sangue, um adotado.

Luis Felipe era o nome dele. Oito anos, morador do Jardim Primavera, comunidade em Caxias onde predomina o trabalho informal. E, veja só que situação, o pequeno já trabalha com a família... Mas também estuda (diz adorar matemática!) e tem o futebol como brincadeira favorita. Ele é uma das muitas crianças que fazem parte do projeto Visão Mundial, que promove o apadrinhamento de crianças carentes. Na verdade, Luis Felipe não se tornou nosso filho adotivo, e sim nosso afilhado. Mas o sentimento de amor por ele foi como se realmente o estivéssemos recebendo em nossa casa.

Por apenas R$ 40 mensais, vamos ajudar a melhorar um pouquinho a vida desse menino. E iremos trocar cartinhas, dar presentes em datas especiais e até mesmo um dia visitá-lo. Mas o principal é que esse dinheirinho – que gastamos mole, mole numa mesa de bar ou numa ida ao cinema – irá ajudar a Visão Mundial a combater a desnutrição infantil, dar assistência médica, estimular o estudo das crianças e gerar o desenvolvimento econômico das comunidades auxiliadas através da implementação de projetos.

Está difícil de entender como é possível fazer tanto com tão pouco dinheiro? Então visite o site da Visão Mundial (www.visaomundial.org.br). Você irá se encantar com esse projeto que age em quase cem países e que vem ajudando, há 60 anos, um número imenso de famílias pelo mundo. Porém, mais do que apenas conhecer o site, apadrinhe uma criança! Tenho certeza de que você sentirá uma satisfação incrível e irá preencher a sua vida – sim, a sua vida! – com este ato de amor que custa tão pouco.

Olha, eu faço essa propaganda de coração. Não estou ganhando nada com isso... Mas veja só o tanto que vou ganhar se conseguir te convencer a garantir o sorriso de outras crianças...

Fico só imaginando que, numa próxima foto que eu venha a receber do Luis Felipe, ele estará sorrindo...

OBS: A foto acima é a do Luis Felipe, trabalhada no photoshop para proteger sua imagem. O sobrenome dele também foi omitido.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Comer, rezar, teclar

Chegou na minha caixa postal (e na dos meus irmãos) um e-mail que jamais imaginei receber:

“Socorro! Não consigo escrever nada, não sei como vocês conseguem, acho que foram trocados na maternidade!

Vou tentar outra hora, cansei.

Até domingo, se eu sobreviver.

Beijos, Guilhermina”

Caí na gargalhada quando li isso. Guilhermina vem a ser nada menos que minha mãe. Aos 74 anos, ela teimou em fazer curso de computação e, depois de muito reclamar das aulas arrastadas, finalmente chegou ao ponto que queria: usar a Internet. Mas, pelo visto, ela vai continuar reclamando enquanto não domar esse touro bravo – pra ela – que é o mundo virtual.

Em poucos minutos na rede, minha mãe logo cansou. E eu me pergunto: cansou de quê? Tem algo melhor do que navegar na Internet, gente? Bem, se você está lendo meu blog NA INTERNET, tenho certeza de que a resposta é sim. Você – assim como eu – deve fazer parte da turma dos dependentes cibernéticos que, se logo cedo não ler os e-mails, entrar no Facebook e acionar o Twitter começa a ter síndrome de abstinência. Daqui a pouco vão criar mais um grupo de ajuda mútua: os I.A., internéticos anônimos. E nos encontraremos todos lá na reunião... Só por hoje não vou ligar o computador! É ruim, hein?

Meu amigo Aloísio Aguiar conseguiu essa proeza. Durante sua viagem de férias, não chegou perto de computador! Quando o reencontrei, perguntei como haviam sido suas férias. Ele abriu um sorrisão e disse: “Maravilhosas! Tirei férias, principalmente, do computador.” É verdade... Ele estava satisfeito com isso. E eu, só de pensar, começo a ter delirium tremens...

Mas taí um desafio que seria interessante para todos nós, dependentes internéticos. Ficar off durante uma semana – ou um dia, pelo menos. Quando fui obrigada a passar por essa tortura, durante um pau no meu computador, ouvi de uma das minhas filhas: “Poxa, mãe, você sem computador é outra pessoa... Você brinca com a gente...” Engoli em seco. Minha filha estava certa. Ainda assim, bastou a máquina ficar pronta e eu voltei pra mesma vida desregrada.

E o pior é que o problema parece ser genético. Meu irmão Luiz – outro que foi trocado na maternidade! – me escreveu dizendo que estava sem tempo de fazer uma determinada coisa, porque suas “necessidades internéticas” o estavam consumindo. E ele bem definiu: “Internet agora virou coisa fisiológica, cada vez menos virtual...” Bingo! É isso! Eu acordo, faço uma prece, escovo os dentes, vou ao banheiro, tomo café e ligo o computador! Não consigo sair de casa sem cumprir essa rotina. E não raro chego atrasada aos compromissos porque fiquei teclando.

Falando nisso... caraca, vou chegar atrasada de novo! Fui!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Eleitos pelo povo

Janeiro de 2011. Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Cerimônia de posse dos deputados estaduais eleitos.

Na primeira fila, estão sentados aqueles que vieram botar pra quebrar: Loura Braço Forte, Robson Vandamme, Arlete Karatê, Fernando Paulada, Mano Dirigindo a Luta, Hugo Camburão, Hilda Furacão, Fausto 100 Por Cento e Eu Faz.

Espalhados em pontos estratégicos, para semear a concórdia na Assembleia, encontram-se os deputados mais paz e amor: Peçanha Amigo de Todos, Nilson o Abençoado, O Gente Nossa, Marcos Manso, Lucílio Pobre Ajudando Pobre, Lima do Bem, João Família, Giba Sangue Bom, Coca Amigo da Comunidade, Carlinhos um Homem de Deus, Broder e os barbudões Maluco Beleza e Papai Noel.

Gratificante é ver a diversidade de classes trabalhadoras que conseguiu eleger seus representantes. Os vitoriosos Cícero Camelô da Central, Dabi Baleiro, Hugo Pipoqueiro, Damião Mecânico, Chico Borracheiro, Didi Caminhoneiro, Fabio do Táxi, Claudioci das Ambulâncias, Marcone da Kombi, Baixinho do Gás, André Pescador, Ana Copeira, Alamir Artesão do Vime, Betão do Saneamento, Didiu Jornaleiro, Isabel da Limpeza e Jonas da Reciclagem são alguns exemplos de que o povo – o povão mesmo – sabe votar.

Mas, pra não dizer que apenas as profissões mais simples estarão protegidas, a classe médica também elegeu seu deputado: Dr. Ogando (que, numa fala rápida, pode ser chamado de ‘Drogando’).

Quando deu meio-dia, nossos deputados estavam morrendo de fome. Foi então que Paulo Gulosinho, Fernando do Comilão, Jorge Barriga, Papinha, Manteiga, Camarão, Feijão, Filé, Ludivan Batata, Nelson Cebola, Salathiel Salada, Uzia Mocotó e Valdecir da Batata Frita se manifestaram, lembrando que, para comemorar, todos poderiam seguir para o estabelecimento do colega eleito Otávio do Churrasco. A alegria foi geral!

Já no restaurante, os nobres deputados resolveram tirar a tarde de folga e promover um arrasta-pé no local. E, como vivemos numa democracia, não houve briga quando as carrapetas foram divididas por DJ Clovão, MC Geleia e Amarildo do Samba. Gustavo Tutuca, Jussara Hu Hu e Maria Chupetinha requebraram até o chão!

Fim de tarde, o pessoal começou a dispersar. Mas não sem antes aceitar a sugestão de Geraldo Pudim, Xoquito, Messias o Garoto Bombom, Mulher Melão, Miguel Banana e André Banana para comer as sobremesas.

Na hora da despedida, Bicho de Pé Já É dizia seu jargão pros caros colegas: “Aê, já é, galera! Tamo junto até 2014!

Jorge Bombril concordou: “Tamo junto mermo! Pra mil e uma utilidades!

Vicente Sorriso saiu da churrascaria mostrando os dentes brancos pra alguns paparazzi que flagraram a farra dos deputados eleitos.

E Sergio Esperança foi o último a partir, deixando no ar a sensação de que a esperança de um Brasil melhor é a última que morre...

Nota da blogueira: Todos esses nomes foram tirados da listagem de candidatos que concorrem à vaga de deputado estadual no Rio de Janeiro. Minha pretensão não foi agredir ou desmoralizar qualquer candidato, os quais sequer conheço as trajetórias profissionais e políticas. Quis apenas exercitar minha liberdade de expressão e fazer uma brincadeira com a diversidade de candidatos. Por favor, peço que os nomes citados não se sintam ofendidos!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Provador ou câmara de tortura?

Se isso nunca aconteceu com você, ou está mentindo ou é muito privilegiado pela genética. Diga lá se não é verdade: entrar no provador de grandes magazines é uma verdadeira tortura! Naqueles boxes espaçosos, com espelho de cima a baixo e iluminação hipermegapower, você vê quem realmente é. Ou quem realmente você se transformou. Pula banha pra tudo quanto é lado!!!! E até mesmo as ainda disfarçáveis rugas de expressão fazem questão de gritar: “Ei, tô aqui... Tô chegando com tudo... E pra ficar!

Minha mãe, há alguns anos, me telefonou super pra baixo. Perguntei o motivo. “Hoje fui comprar um maiô. Entrei no trocador pra experimentar e, quando tirei toda a roupa e me olhei no espelho, não me reconheci. Que coisa horrível eu me transformei!”, confessou minha mãe, a-r-r-a-s-a-d-a!!! Na hora, fiquei com uma pena danada dela. Muito difícil envelhecer, ver o corpo mudar tanto. Ainda mais porque minha mãe pertence àquela faixa de mulheres que não conheciam academia, cremes firmadores, nem mesmo os benefícios de uma simples caminhada. Isso é coisa de 30 anos pra cá. E 30 anos pra lá minha mãe já tinha 40 e já estava meio caidinha e com a cabeça arraigada de que “nada posso fazer por mim”.

Pois é... Os anos são implacáveis com todas nós (ou com quase todas nós, porque estão aí pra desmentir essa verdade a Vera Fischer, a Betty Faria, a Christiane Torloni, a Ângela Vieira, a Cissa Guimarães e tantas outras mulheres que sabem envelhecer mantendo suas barrigas de tanquinho). Mas eu, infelizmente, não pertenço a essa categoria. Foi então que, no sábado, estava no trocador de uma megaloja quando me despi e... meldeus! Tô ficando igual a minha mãe! Quase cantei como a Maysa: “Meu peito caiu e me fez ficar assim...” Ou então como a Bethânia: “Olhos nos olhos, quero ver quantas rugas traz...”

Gente, pra que tanta luz nos provadores? É pra gente sair de lá direto pro analista? Ou pro Vigilantes do Peso? Deve estar havendo alguma venda casada nessas lojas de departamento... Não é possível! Acho que vou fazer uma denúncia ao Procon! Em casa, os espelhos são nossos melhores amigos. Mentem para o nosso bem! A gente se olha e se vê poderosa! Mesmo com a barriga saliente ou com ruguinhas inconvenientes, nosso reflexo é sempre melhor do que realmente somos. É como se fôssemos a madrasta da Branca de Neve e ouvíssemos de um amedrontado espelho: “É claro que você é a mais bela!” E aí a gente vai embora pro cinema, pro trabalho, pra padaria, pro supermercado se achando!

Mas, no sábado, saí do shopping me achando também. Me achando gorda e velha! Não, mas eu não podia me entregar à depressão! Precisava reagir e levantar a moral naquele fim de noite. Afinal, não sou mulher de esmorecer! Pra apagar da minha mente aquele reflexo infame, fui pra pizzaria com as minhas filhas e comemos uma grande com catupiry acompanhada por dois chopes (meus, é claro!). Saí de lá mais leve...

Depois tem gente que não sabe por que fica deprimida...