Quando ela chegou com seu amor na cidadezinha em que ele havia sido criado, percebeu que basta uma centelha pra trazer de volta sentimentos que estavam adormecidos como um vulcão.
Ela observou o abraço demorado que seu amor deu num amor do passado. Uma mulher hoje casada e com filho, mas que ainda mantinha o viço da juventude transpirando por cada poro de sua pele morena.
Percebeu o sorriso dos dois. Percebeu a troca de olhares, retomando para o presente emoções do passado. Havia cumplicidade entre os dois. Coisa que só existe entre quem já se amou. Mesmo que cada um tenha decidido construir suas próprias histórias, há certas sombras que nunca se esvaecem. Insistem em ficar escondidas num cantinho do coração.
E naqueles dias de férias em que ela e seu amor passaram na cidadezinha onde ele se tornou homem, a sombra daquele antigo amor danou a ganhar forma de vida. Uma vida que ficou para trás, mas não se apagou.
Uma noite, seguiram todos para um barzinho. Ela e seu amor. A sombra do passado e seu novo amor. Bastaram alguns copos para a tal cumplicidade se deixar mostrar. Lembra daquilo? Lembra daquele? Lembra daquela?
A tampa de um baú de recordações se abriu, no qual ela e o novo amor da sombra não se encaixavam. Mas, movidos todos pela embriaguez, compartilharam sorrisos, risos soltos, gargalhadas. Os dois que estavam sobrando também comungaram daquelas memórias, como se as tivessem vivido.
Ainda que fosse desagradável para ela perceber que, antes de seu amor amá-la já tinha amado outro alguém, vestiu-se com sua armadura cor de rosa, pela qual nenhum dardo de ameaça feminina transporia. E muito menos demonstrações de ciúmes ela deixaria transpassar por aquela armadura. Guardaria para si, muito bem guardado.
Naquela noite, deitou a cabeça no travesseiro, mas seus pensamentos não se deitaram. Iam no passado, imaginando seu amor beijando a outra, falando suas palavras carinhosas para a outra, amando a outra da mesma maneira que fazia com ela.
Ao seu lado, seu amor caiu em sono profundo. Estava em paz em sua cidadezinha, acalentado por suas doces memórias.
Na manhã seguinte, ela acordou com nova disposição. Era o último dia naquele lugar. Arrumou as malas com alegria interior, sem deixar transparecer.
Tudo no carro, chegou a hora dos abraços finais. Do fim da rua, ela viu caminhar na direção deles a outra, o novo amor dela e o filhinho de mãos enlaçadas com eles. Viu ali uma família. Percebeu que não havia mais espaço para o seu amor naquela história. Ainda assim, respirou fundo. Precisava encarar mais essa. Viu que seu amor e a sombra do passado se abraçaram pela última vez. Segundos demorados demais para ela.
Quando chegou sua vez de abraçá-la, despiu-se de rancores, de ciúmes, de qualquer sentimento menor. Enlaçou seus braços na sombra, sabendo que seu espectro ficaria no passado. O presente era dela e de mais ninguém.
Entraram no carro e ela e seu amor rumaram para o futuro.
Ela observou o abraço demorado que seu amor deu num amor do passado. Uma mulher hoje casada e com filho, mas que ainda mantinha o viço da juventude transpirando por cada poro de sua pele morena.
Percebeu o sorriso dos dois. Percebeu a troca de olhares, retomando para o presente emoções do passado. Havia cumplicidade entre os dois. Coisa que só existe entre quem já se amou. Mesmo que cada um tenha decidido construir suas próprias histórias, há certas sombras que nunca se esvaecem. Insistem em ficar escondidas num cantinho do coração.
E naqueles dias de férias em que ela e seu amor passaram na cidadezinha onde ele se tornou homem, a sombra daquele antigo amor danou a ganhar forma de vida. Uma vida que ficou para trás, mas não se apagou.
Uma noite, seguiram todos para um barzinho. Ela e seu amor. A sombra do passado e seu novo amor. Bastaram alguns copos para a tal cumplicidade se deixar mostrar. Lembra daquilo? Lembra daquele? Lembra daquela?
A tampa de um baú de recordações se abriu, no qual ela e o novo amor da sombra não se encaixavam. Mas, movidos todos pela embriaguez, compartilharam sorrisos, risos soltos, gargalhadas. Os dois que estavam sobrando também comungaram daquelas memórias, como se as tivessem vivido.
Ainda que fosse desagradável para ela perceber que, antes de seu amor amá-la já tinha amado outro alguém, vestiu-se com sua armadura cor de rosa, pela qual nenhum dardo de ameaça feminina transporia. E muito menos demonstrações de ciúmes ela deixaria transpassar por aquela armadura. Guardaria para si, muito bem guardado.
Naquela noite, deitou a cabeça no travesseiro, mas seus pensamentos não se deitaram. Iam no passado, imaginando seu amor beijando a outra, falando suas palavras carinhosas para a outra, amando a outra da mesma maneira que fazia com ela.
Ao seu lado, seu amor caiu em sono profundo. Estava em paz em sua cidadezinha, acalentado por suas doces memórias.
Na manhã seguinte, ela acordou com nova disposição. Era o último dia naquele lugar. Arrumou as malas com alegria interior, sem deixar transparecer.
Tudo no carro, chegou a hora dos abraços finais. Do fim da rua, ela viu caminhar na direção deles a outra, o novo amor dela e o filhinho de mãos enlaçadas com eles. Viu ali uma família. Percebeu que não havia mais espaço para o seu amor naquela história. Ainda assim, respirou fundo. Precisava encarar mais essa. Viu que seu amor e a sombra do passado se abraçaram pela última vez. Segundos demorados demais para ela.
Quando chegou sua vez de abraçá-la, despiu-se de rancores, de ciúmes, de qualquer sentimento menor. Enlaçou seus braços na sombra, sabendo que seu espectro ficaria no passado. O presente era dela e de mais ninguém.
Entraram no carro e ela e seu amor rumaram para o futuro.
Um comentário:
Desta vez você me deixou com nó na garganta. O seu jeito de montar a cena e descrever as emoções me faz sentir como os personagens, principalmente quando se trata de sentimentos tão íntimos.
Continuo te devendo o txto sobre os homens. Sabe o mais incrível? Está sendo realmente difícil sair algo. Já tentei duas vezes e não em agradou. Mas vou insistir. Beijos!
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