Eram 6 e pouca da tarde, e, mais uma vez, estava eu preso no engarrafamento de volta para casa. Para completar, uma chuva forte resolveu cair, atrapalhando ainda mais o trânsito. O rádio do carro estava ligado, mas confesso que nem estava ouvindo as músicas, porque os problemas daquele dia estressante de trabalho ainda engarrafavam a minha mente. De repente, aqueles acordes de guitarra invadiram os meus pensamentos e o meu coração ficou apertado. Na mesma hora, voltei dez anos no tempo.
Estava na casa de uns amigos, bebericando vinho e cantando ao som do violão do Marreco, meu grande amigo Marreco. Eu não sabia tocar qualquer instrumento, mas cantar era comigo mesmo. E sempre que nos reuníamos com a galera, essa música não faltava em nossa rodinha: How I wish you were here. Marreco arrebentava na viola e eu, no vocal. Muitas vezes fazíamos um dueto – porque eu nunca fui muito bom de inglês – e nossos amigos ficavam babando.
Os sons de Floyd povoaram a minha adolescência e, até hoje, são muito bem-vindos. Como naquele exato momento, no engarrafamento. A emoção tomou conta do tédio e uma lágrima sentida rolou pelo meu rosto. Marreco, meu grande amigo Marreco, como eu queria que você estivesse comigo aqui! Assim como diz a canção... Mas isso era impossível, porque numa curva, anos atrás, sua moto tombou e levou junto os seus sonhos. Agora estava eu ali, chorando tua ausência, confundindo minhas lágrimas com a chuva que caía lá fora.
Decidi, então, cantar bem forte a nossa música, como se fosse você quem estivesse dedilhando o violão. Cantei, vibrei, espantei a tristeza. Sorri, lembrando de você. Tive, então, a nítida sensação de que você estava do meu lado. Pensei: “que loucura, impossível...”. Nem reparei que a chuva tinha passado e, no lugar dela, um arco-íris cruzou o céu. É, eu desejei que você estivesse ali... E aquelas cores que afastaram o cinza me deram a certeza de que você esteve. Como o prisma na capa do CD do Pink Floyd. E o seu som ecoou fundo no meu coração...
Estava na casa de uns amigos, bebericando vinho e cantando ao som do violão do Marreco, meu grande amigo Marreco. Eu não sabia tocar qualquer instrumento, mas cantar era comigo mesmo. E sempre que nos reuníamos com a galera, essa música não faltava em nossa rodinha: How I wish you were here. Marreco arrebentava na viola e eu, no vocal. Muitas vezes fazíamos um dueto – porque eu nunca fui muito bom de inglês – e nossos amigos ficavam babando.
Os sons de Floyd povoaram a minha adolescência e, até hoje, são muito bem-vindos. Como naquele exato momento, no engarrafamento. A emoção tomou conta do tédio e uma lágrima sentida rolou pelo meu rosto. Marreco, meu grande amigo Marreco, como eu queria que você estivesse comigo aqui! Assim como diz a canção... Mas isso era impossível, porque numa curva, anos atrás, sua moto tombou e levou junto os seus sonhos. Agora estava eu ali, chorando tua ausência, confundindo minhas lágrimas com a chuva que caía lá fora.
Decidi, então, cantar bem forte a nossa música, como se fosse você quem estivesse dedilhando o violão. Cantei, vibrei, espantei a tristeza. Sorri, lembrando de você. Tive, então, a nítida sensação de que você estava do meu lado. Pensei: “que loucura, impossível...”. Nem reparei que a chuva tinha passado e, no lugar dela, um arco-íris cruzou o céu. É, eu desejei que você estivesse ali... E aquelas cores que afastaram o cinza me deram a certeza de que você esteve. Como o prisma na capa do CD do Pink Floyd. E o seu som ecoou fundo no meu coração...
(Escrevi esta crônica há uns seis ou sete anos, para participar de um concurso do jornal O Globo sobre o Pink Floyd. Fiquei entre os vencedores e ganhei alguns prêmios, como CD, casaco, etc. Escrevi como se fosse meu marido, Rômulo. Porque, de fato, ele perdeu um amigo chamado Marreco e, sempre que ele escuta How I Wish You Were Here, lembra do amigo.)
2 comentários:
Estou adorando suas crônicas. Seus textos são sempre carregados de sentimento! Adoro!
Beijos,
BB
Sem comentários, vc é show
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