Essa semana, assisti ao filme Príncipe da Pérsia. Era feriado, fui com a família e amigos totalmente descrente de que seria um filmaço. Mas, de certa forma, foi. Não exatamente pela sempre boa produção da Disney e pelo enredo bem construído. Muito menos pelo charme do gatíssimo Jake Gyllenhaal. E sim pela mensagem final: se pudéssemos, mudaríamos os erros do passado, construindo um presente repleto de acertos.
Saí do cinema com um nó na garganta. E se eu tivesse aquela tal adaga que continha as mágicas areias do tempo? E se eu pudesse apertar o cristal da adaga e fazer o tempo voltar atrás? Ah, quanto coisa mudaria... É como diz a canção: “Se um dia eu pudesse ver meu passado inteiro... E fizesse parar de chover nos primeiros erros...” Mas uma chuva só não bastaria. Pra consertar alguns fatos da vida, talvez só mesmo uma tempestade... de areia mágica!
Teria ido visitar mais minha avó Maria, que faleceu sozinha e cega. Nunca teria mentido pra minha mãe. Jamais teria brigado tanto com meu pai. E juro que o escutaria quando ele dissesse “minha filha, jornalista não ganha bem. Vai fazer concurso!”. Eu teria levado meu avô para pescar todos os finais de semana. E deletaria o dia em que xinguei minha avó Aurora de velha coroca, só porque ela tomou minha régua geométrica. Na adolescência, teria chamado mais minha irmã para sair. E me negaria a sair tanto com meus irmãos e alguns amigos deles... Olharia com mais atenção para meus sobrinhos e afilhados. Sobretudo para um belo menininho de olhos azuis e cabelos louros encaracolados... Acima de tudo, teria sido mãe mais cedo.
Jamais teria largado as atividades físicas para estudar pro vestibular. E teria estudado mais pro vestibular! Nunca teria passado a gostar de pizza, nem de macarrão! Faria com que o ponteiro da balança estacionasse nos 50 quilos! Teria usado sutiã sem parar desde os 11 anos de idade! Não insistiria em achar bom o gosto amargo da cerveja, muito menos experimentaria diferentes tipos de cigarro. Não teria demorado tanto a conseguir um estágio, por achar que namorar, viajar e cair na night era mais negócio do que assumir responsabilidades tão cedo. Aliás, teria namorado menos com uma só pessoa e mais com várias outras. E sempre transaria de camisinha. Nunca teria desistido de ser comissária de bordo, nem diplomata. Mas, como ser jornalista não é tão ruim assim, teria levado meu currículo às grandes empresas sem receio da rejeição. Ah, e já seria uma autora bestseller com certeza, porque quem tem medo de editor com cara feia passa a vida com os originais na gaveta!
Esse post, em vez de “Areias do tempo”, também poderia se chamar “Epitáfio”. Dizem que no leito de morte sempre recordamos de todos os vacilos que cometemos. Difícil é a gente se autovalorizar e lembrar do tanto de coisa boa feita e conquistada. Bate uma humildade na hora do adeus – a qual, ao contrário, deveríamos ter praticado ao longo de toda a vida, não só no momento do suspiro final. Tá certo, tá certo... Você que está lendo meu texto e me conhece sabe que eu sou gente boa. Mas continuo achando que se eu tivesse a adaga do príncipe da Pérsia poderia ter sido uma pessoa melhor ainda. Então tá! Vamos combinar? Não posso mudar o passado, mas posso escrever um novo futuro. Então o jeito é seguir em frente procurando acertar mais, errar menos.
A vida é um somatório de erros e acertos. Todos os passos que dei até hoje – trôpegos ou firmes – fizeram de mim o que sou. E, mesmo com tudo o que já errei, tenho orgulho de mim. E assim é com todos nós. É com você também, meu querido leitor. O que nós não podemos deixar é cair a peteca da vida. Devemos jogá-la pro alto com alegria, nos deslumbrando com suas cores refletidas ao sol, e tendo a certeza de que do outro lado terá alguém pra rebatê-la: um amigo, um familiar, um empregador... Deus. Mesmo que a peteca caia sobre a areia branca (e essa não é a areia mágica!), retomamos sua posse e reiniciamos o jogo. O jogo da vida. Onde erros e acertos são comuns. Mas no qual o saldo final é sempre a vitória.
E você, amigo? Mudaria alguma coisa em sua vida? Escreva aqui nos comentários!!!!
19 comentários:
Ana, considero este o post mais sensível que já li de ti. Gostei muito! Até pela a intensidade como você foi colocando o que mudaria, tantas coisas íntimas...
Eu também não teria feito jornalismo, tampouco ciências sociais - PE acho que também não. Eu teria feito história ou engenharia, mas para a segunda, teria que ter gostado de matemática, física quando estava no colégio. Iria estudar mais, me dedicar mais. E, talvez, não teria repetido de ano. E, assim, não teria conhecido tanta gente legal. Ai, a vida... Jorge Luís Borges com o "Jardim de caminhos que se bifurcam" ou mesmo com a "Loteria da Babilônia" já me fez parar tanto para pensar... Somos uma "multidão de eus", sempre. Cada escolha, um eu permanece e outros eus se encolhem, ficam para trás...
Mas eu mudaria também: defenderia mais o meu irmão, brincaria mais com meu avô, seria mais determinado, teria mais coragem, usaria aparelho qdo o tive, comeria mais qdo era menor, teria mais percepção qdo namorei para ver que algo acometia a namorada, jamais pagaria 50 reais em 3 botões (de futebol de mesa) - pq eles não eram bons...
Por fim, seria mais amigo. Mais presente.
Mudar alguma coisa? Eu nao mudaria nada, vai que troca minha familia ou amigos, melhor nao arriscar. Nós somos porque é assim que nós vivemos, se mudar seremos outras pessoas e não nós mesmo, com acerto e erros.
A unica coisa que mudara seria voltar no tempo para ser o primeiro a postar um comentário, mas isso eu já consegui. hahaha
Sacanagem, postei antes e não apareceu, tive que reescrever e passaram minha frente. Quero voltar no tempo. TBrigada cancela seu post e refaz. rs
Voce mesmo diz que seria mais amigo, esta na hora de começar. hahaha
KKKKKKKKKKKKK!!!! Tenho que rir com essa disputa pelo primeiro lugar nos comentários, kkkkkkk!
Ana, fico impressionada como me vejo em várias coisas que você que escreve...
Às vezes penso que se tivesse tomado uma única decisão diferente, minha vida estaria completamente mudada e isso é muito doido!! E se no dia que eu conheci meu marido tivesse tido "não tô afim de sair hoje" para minhas amigas? Será que o mundo daria um jeitinho de nos aproximar? E se no dia que fazer matrícula na faculdade eu tivesse optado por medicina e não biologia? Será que hoje eu seria mais feliz? Não sei!!!
Como espírita eu penso que temos coisas programadas mas também temos nosso livre arbítrio! E nossas escolhas nos levam aonde estamos...
Se eu mudaria alguma coisa? Depende. Depende dos reflexos desta mudança na minha vida hoje.
Muito complexo esse assunto!!!
Adorei!!! Beijos!!!
Inspiradíssimo!!! MARAVILHOSO! você escreve tão sinceramente que "COMOVE" Nesta viagem de volta ao passado penso que mudaria muitas coisas, mas reconheço que se o fizesse o saldo final não seria "EU" pois somos as nossas experiências certas e erradas. Foram elas que nos deram essa maravilhosa bagagem e nos tornou assim. Concordo com o futuro, agora com TANTA maturidade precisamos mesmo de ações mais refletidas e menos erros, mas nunca sem sonhar, acreditar e nos permitir escorregões que fazem parte!.
Parabéns, cada vez melhor!
Ana
Não vou comentar o seu post, endosso tudo o que já foi dito. Vou comentar o novo título do blog. O antigo - De vento em proa -era mais original. Se vc puder voltar atrás, volte para o antigo título.
Bjs
Fabio
Ai, Ana... Que delícia de texto.O mais emocionante de todos, com cverteza. Logo no começo vc cita o que eu chamo de musica dos 40. Primeiros Erros me emociona toda vez que escuto. E então vc desfia os seus erros, sem vergonha ou pudor e, quem te conhece, entende cada uma das ressalvas que vc faz. Uma vez li alguém que dizia "pobre daquele que diz que nunca se arrependeu de nada que fez, porque este tb nada aprendeu.". E eu concordo. Minha lista de "arrependimentos" tb é grande, mas assim como vc, tb vejo nos meus erros o meu amadurecimento. E se aqui é uma escola, eu e vc estamos passando nos testes.
Amei cada linha, foi delicioso ler o texto e é uma honra compartilhar tantas coisas com vc.
Desta vez eu digo de coração: obrigado pelas palavras.
Beijos.
Queridos, vou ser sincera... Não imaginei tantos elogios a esse texto. Fiz inspiradíssima sim, pq, além do filme, andei vendo uns vídeos antigos da minha família e isso me deu uma nostalgia danada. Vontade de mudar algumas coisas...
E, olhem, fui bem econômica na descrição de alguns erros meus. Eu tinha sido mais detalhada e direta, mas, aconselhada pelo sábio marido taurino, dei uma economizada nas tintas...
Obrigada por cada palavra. Me sinto honrada por ter leitores como vcs.
Que venham mais um milhão de leitores, hahaha!
Beijos!!!!
Mudaria!!! Eu falaria não quando vc me perguntou se queria ter um "irmãozinho"
zoa
Amei o Post, Ana.
Super sincero, verdadeiro.
Olha como uma pessoa em plena evolução tira lições e proveito de tudo, bastou um filme para te inspirar isso tudo.Digo isso porque existem pessoas que se negam a crescer, evoluir, aprender, refletir...
Concordo com tudo o que você disse. Também me arrependo de MUITA coisa. Mas como você mesmo disse, esses erros contribuíram para nos tornarmos quem somos hoje, então, ainda bem que valeram algo.
Como bem disse Chico Xavier "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim ".
beijos,
Chris
Tem mtas coisas que eu mudaria na minha vida, principalmente em relação a Faculdade, teria dado um jeito de continuar!!!
Bjs
Obs: Adorei esse texto, bem sincero!!
Amiga, foi justamente por que você fez assim e não assado que hoje nos brinda com um texto muito lindo. Reza o ditado que aprendemos pela dor ou pelo amor. Até agora, quase sessentona,nunca vi ninguém dizer que aprendeu pelo amor. Cascata! É errando, tropeçando, cagando um monte para conselhos preciosos e oportunidades imperdíveis que nos tornamos "seres humanos", repletos dessa seiva doce e amarga que nos torna únicos. Engraçado esse post. Sabe que estou preparando um sobre escolhas? Aguarde!
Beijos, querida!
Te amo muito com passado, prsente e futuro, que nem a cartomante rrsrsr
By the way, concordo com o Fábio. De Vento em Popa é muito bom!!!
Nao vi o Principe da Persia mas esse post me deixou com um no na garganta. O que mudaria se pudesse? Esse comentario nao tem lugar pra tudo...Mas vc querida esta cada vez melhor, colocou tanto num unico post magistralmente.Chapeau!
Ana, sou suspeita em falar sobre seus textos. Gosto de tudo que vc coloca no papel, pois vc escreve com a "alma"!!!Isso é bom, tras sinceridade nas palavras escritas, emociona o leitor, e faz com o ledor reflita sobre sua própria vida. Assim, como vc se eu pudesse faria muita coisa diferente. Aproveitaria mais meu tempo com as pessoas que amo. Falaria mais vezes sobre os meus sentimentos para com as pessoas. Teria beijado mais meu amado filho Victor. Teria falado mais do meu amor de mãe para o Victor, enfim, viveria mais intesamente do que vivo. Mas tem coisa que não mudaria, por exemplo: continuaria sem beber bebida alcolica, sou feliz por não ter insistido em gostar do amargo da cerveja. Um beijo no seu coração!!!
Olguinha,
Hoje reservei um tempo para me dedicar ao seu blog, que está fantástico.
Confesso que me emocionei demais com Areias do tempo.
Inclusive copiei a frase Se pudéssemos, mudaríamos os erros do passado, construindo um presente repleto de acertos, e clonei no meu msn, você autoriza? Quero ler mais e mais e com sua experiência aprender mais e mais.
Muito obrigado pois através da sua comunicação me torno melhor.
Olguinha,
Hoje reservei um tempo para me dedicar ao seu blog, que está fantástico.
Confesso que me emocionei demais com Areias do tempo.
Inclusive copiei a frase Se pudéssemos, mudaríamos os erros do passado, construindo um presente repleto de acertos, e clonei no meu msn, você autoriza? Quero ler mais e mais e com sua experiência aprender mais e mais.
Muito obrigado pois através da sua comunicação me torno melhor.
Lucino
Lindo, Ana! Adorei seu texto. Bjks
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