sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem

Um bom tempo atrás, li uma historinha na Internet que falava sobre um casal que passou a vida toda escrevendo nos locais mais inusitados a seguinte “palavra”: Neoqeav. Nem os filhos sabiam o que aquilo significava. Quando, já idosos, a mulher faleceu, o marido escreveu na lápide: Neoqeav. E só então revelou aos filhos que se tratava de uma sigla: Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você.

Contei essa história pro Rômulo e passamos a adotá-la entre nós em bilhetinhos-surpresa ou no espelho suado após um banho quente. Até que, em 11 de janeiro de 2007 (quando completamos 13 anos de casados), resolvi eternizar nossa jura de amor: tatuei Neoqeav no cóccix, local estratégico para ser apreciado unicamente pelo meu amor. Ele adorou, lógico! Só que, nossa, como doeu. No meio da tatuagem, eu estava quase arrependida. Mas fechei os olhos e comecei a me lembrar de como tudo começou... De como entramos num apartamento vazio tendo apenas um colchonete e uma TV emprestados, uma geladeira anos 50 que havia sido da minha avó, um fogão que já estava no imóvel e... nossos corações repletos de amor e de esperança! Ao reviver o sentimento imenso que tínhamos um pelo outro, as lágrimas rolaram pelo meu rosto e a tatuadora achou que eram de dor... Mas eram de felicidade...

E agora, 21 de outubro de 2010, data em que comemoramos 17 anos de namoro, recebi o que nunca esperava. Afinal, eu não tinha me tatuado esperando retorno. Foi apenas uma declaração de amor. E ela voltou para mim amplificada. Em letras quase garrafais, no peito, para todo mundo ver, Rômulo tatuou também Neoqeav. Eu quase tive um troço quando vi. Nunca imaginei que pudesse receber um presente tão maravilhoso!!!! A sensação de ver o amor estampado na pele é inenarrável. A minha tatuagem é menor e escondidinha... Mas o Rômulo não quis esconder de ninguém um fato raro: 17 anos depois, a gente continua se amando... E o grito, que antes era para ser ouvido só por nós dois, agora ecoa para quem quiser escutar: NÃO ESQUEÇAM O QUANTO A ANA E O RÔMULO SE AMAM...

O engraçado é que ele confessou que fazer essa tatuagem também doeu à beça. Mas, no dia seguinte à surpresa, me telefonou e disse: “Não me arrependo, em nenhum instante, da dor que senti. Faria tudo de novo só para ver novamente a sua cara emocionada.”

O Rômulo tem essa capacidade de me fazer rir a maior parte do tempo e de me fazer chorar de emoção. Está certo que temos nossos momentos “chatinhos”, senão ele não seria meu marido, e sim um amigo com quem adoro sentar para tomar um chope. Mas, acima de tudo, Rômulo desperta em mim uma profunda admiração. Por tudo, tudo, tudo o que ele é (e quem o conhece sabe que homem é esse que eu tenho a meu lado). E acho que você admirar a pessoa que está com você é meio caminho andado para querer ficar com ela para sempre.

Esse post é para você, meu amor! Nunca esqueça o quanto eu amo você... Nunca esqueça que eu quero estar sempre com você...


Pequenas declarações de amor no dia-a-dia são como adubo, que vai deixando a planta-casamento sempre viçosa. Grandes declarações de amor como essa são como a força da água, capaz de gerar energia para o casamento se manter aceso por muitos e muitos anos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Uma criança pra chamar de sua

Ele chegou até nós pelo correio. Não houve cegonha, inseminação artificial, nem visitas burocráticas a assistentes sociais. Mesmo assim, a alegria foi imensa. Na noite de segunda-feira, véspera do Dia das Crianças, Rômulo me entregou um envelope e pediu que eu o abrisse. Fui rasgando o papel com grande expectativa, diante do imenso sorriso de meu marido. E quando de dentro do envelope saiu a foto de um menino com semblante meio “monalisa” (não sorria, mas expressava tanta coisa em seus olhos), fiquei extasiada e com lágrimas nos olhos.

– Você adotou uma criança?

– Sim, ainda não é o filho que iremos adotar um dia,?mas já é um começo... – respondeu meu marido, lembrando do compromisso que assumimos 17 anos antes, quando decidimos ter três filhos: dois de sangue, um adotado.

Luis Felipe era o nome dele. Oito anos, morador do Jardim Primavera, comunidade em Caxias onde predomina o trabalho informal. E, veja só que situação, o pequeno já trabalha com a família... Mas também estuda (diz adorar matemática!) e tem o futebol como brincadeira favorita. Ele é uma das muitas crianças que fazem parte do projeto Visão Mundial, que promove o apadrinhamento de crianças carentes. Na verdade, Luis Felipe não se tornou nosso filho adotivo, e sim nosso afilhado. Mas o sentimento de amor por ele foi como se realmente o estivéssemos recebendo em nossa casa.

Por apenas R$ 40 mensais, vamos ajudar a melhorar um pouquinho a vida desse menino. E iremos trocar cartinhas, dar presentes em datas especiais e até mesmo um dia visitá-lo. Mas o principal é que esse dinheirinho – que gastamos mole, mole numa mesa de bar ou numa ida ao cinema – irá ajudar a Visão Mundial a combater a desnutrição infantil, dar assistência médica, estimular o estudo das crianças e gerar o desenvolvimento econômico das comunidades auxiliadas através da implementação de projetos.

Está difícil de entender como é possível fazer tanto com tão pouco dinheiro? Então visite o site da Visão Mundial (www.visaomundial.org.br). Você irá se encantar com esse projeto que age em quase cem países e que vem ajudando, há 60 anos, um número imenso de famílias pelo mundo. Porém, mais do que apenas conhecer o site, apadrinhe uma criança! Tenho certeza de que você sentirá uma satisfação incrível e irá preencher a sua vida – sim, a sua vida! – com este ato de amor que custa tão pouco.

Olha, eu faço essa propaganda de coração. Não estou ganhando nada com isso... Mas veja só o tanto que vou ganhar se conseguir te convencer a garantir o sorriso de outras crianças...

Fico só imaginando que, numa próxima foto que eu venha a receber do Luis Felipe, ele estará sorrindo...

OBS: A foto acima é a do Luis Felipe, trabalhada no photoshop para proteger sua imagem. O sobrenome dele também foi omitido.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Comer, rezar, teclar

Chegou na minha caixa postal (e na dos meus irmãos) um e-mail que jamais imaginei receber:

“Socorro! Não consigo escrever nada, não sei como vocês conseguem, acho que foram trocados na maternidade!

Vou tentar outra hora, cansei.

Até domingo, se eu sobreviver.

Beijos, Guilhermina”

Caí na gargalhada quando li isso. Guilhermina vem a ser nada menos que minha mãe. Aos 74 anos, ela teimou em fazer curso de computação e, depois de muito reclamar das aulas arrastadas, finalmente chegou ao ponto que queria: usar a Internet. Mas, pelo visto, ela vai continuar reclamando enquanto não domar esse touro bravo – pra ela – que é o mundo virtual.

Em poucos minutos na rede, minha mãe logo cansou. E eu me pergunto: cansou de quê? Tem algo melhor do que navegar na Internet, gente? Bem, se você está lendo meu blog NA INTERNET, tenho certeza de que a resposta é sim. Você – assim como eu – deve fazer parte da turma dos dependentes cibernéticos que, se logo cedo não ler os e-mails, entrar no Facebook e acionar o Twitter começa a ter síndrome de abstinência. Daqui a pouco vão criar mais um grupo de ajuda mútua: os I.A., internéticos anônimos. E nos encontraremos todos lá na reunião... Só por hoje não vou ligar o computador! É ruim, hein?

Meu amigo Aloísio Aguiar conseguiu essa proeza. Durante sua viagem de férias, não chegou perto de computador! Quando o reencontrei, perguntei como haviam sido suas férias. Ele abriu um sorrisão e disse: “Maravilhosas! Tirei férias, principalmente, do computador.” É verdade... Ele estava satisfeito com isso. E eu, só de pensar, começo a ter delirium tremens...

Mas taí um desafio que seria interessante para todos nós, dependentes internéticos. Ficar off durante uma semana – ou um dia, pelo menos. Quando fui obrigada a passar por essa tortura, durante um pau no meu computador, ouvi de uma das minhas filhas: “Poxa, mãe, você sem computador é outra pessoa... Você brinca com a gente...” Engoli em seco. Minha filha estava certa. Ainda assim, bastou a máquina ficar pronta e eu voltei pra mesma vida desregrada.

E o pior é que o problema parece ser genético. Meu irmão Luiz – outro que foi trocado na maternidade! – me escreveu dizendo que estava sem tempo de fazer uma determinada coisa, porque suas “necessidades internéticas” o estavam consumindo. E ele bem definiu: “Internet agora virou coisa fisiológica, cada vez menos virtual...” Bingo! É isso! Eu acordo, faço uma prece, escovo os dentes, vou ao banheiro, tomo café e ligo o computador! Não consigo sair de casa sem cumprir essa rotina. E não raro chego atrasada aos compromissos porque fiquei teclando.

Falando nisso... caraca, vou chegar atrasada de novo! Fui!