Estou relendo o livro Violetas na Janela, do espírito Patrícia, que foi lançado em 1993. Para quem não sabe, é um best-seller da literatura espírita que narra a vida pós-desencarne de uma jovem de 19 anos. Patrícia conta como é a vida na colônia espiritual onde é recebida, e muito do cenário é cópia quase fiel de tudo o que temos na Terra. Só que, na verdade, é justamente o contrário: a vida aqui é que uma é cópia do que há no mundo espiritual. Existem planos muito evoluídos e, aos poucos, vamos sendo merecedores de incorporar os avanços de lá nas descobertas de cá. No momento adequado, o grande arquiteto do Universo foi nos permitindo descobrir a roda, a carruagem, o carro, o avião, o foguete... A água oxigenada, a penicilina, o coquetel anti-HIV, as terapias com células-tronco... O papiro, o pergaminho, o livro, o computador, o e-book...
Sim, o e-book! Lendo ontem o livro para minhas filhas – a cada semana, estou lendo um pouco para elas –, me deparei com um capítulo que falava sobre algo muito semelhante à leitura digital que temos agora. Quando devorei Violetas pela primeira vez, nos anos 90, me surpreendi com isso, mas nem me lembrava mais... E, ontem, fiquei de queixo caído: Patrícia descreve sua ida a uma biblioteca, na qual entra em contato com livros tradicionais e com livros os quais ela lê numa espécie de tela de TV! Como essa tecnologia ainda não existia aqui, ela não consegue transcrever exatamente em palavras o que é aquilo. Mas comenta que é muito prazeroso ler os livros daquela maneira.
Isso me fez pôr por terra a ideia de que os e-books talvez não caiam no gosto popular... Um dia, vão sim! Patrícia conta que livros físicos, digamos assim, convivem bem com os tais e-books nas bibliotecas. Isso também me faz respirar aliviada quanto a um receio que ronda os amantes do livro tradicional: é possível, sim, uma convivência pacífica entre ambos. Se lá no mundo espiritual isso ocorre naturalmente, tem tudo para dar certo aqui entre nós, encarnados.
Há partes do livro de Patrícia, porém, que beiram à inverossimilhança. Ainda na biblioteca, ela conta que pediu um livro ao bibliotecário, mas não havia no local e ele disse que iria solicitar a outra biblioteca. Ela então fala: “Volto outro dia pra pegar.” Mas o bibliotecário diz que basta esperar dez minutos. E assim, numa espécie de troca de e-mails 4D, ele faz o pedido e, na outra biblioteca, o livro é colocado num aparelho que o desintegra e o envia ao solicitante, reintegrando-se novamente para ser emprestado a Patrícia. Minha caçula – sempre ela – lançou a pérola (até que bem inteligente): “Mas, mãe, esse livro também tem umas mentiras, né?” Sinceramente, acho que não... Patrícia escreveu: não vai demorar muito, os encarnados terão essa tecnologia à sua disposição. NÃO VEJO A HORA!
E sabe por que eu acho que Violetas na Janela não é mentiroso? Vou contar... Isabel trabalhava na casa de meu ex-namorado e era (ou é? Por onde anda você, minha querida?) uma pessoa humilde, com pouco estudo... Dona de um coração enorme, ela era dotada de um dom: tinha sonhos premonitórios (ou, no mínimo, muito significativos). Fazia pouco tempo que a irmã de Isabel tinha desencarnado e ela me contou que, num sonho, a irmã lhe disse que assistiu a todo seu velório e enterro numa espécie de televisão. Quando Isabel me contou isso, fiquei arrepiada: eu havia lido há pouco tempo o livro de Patrícia e ela descrevia, justamente, essas TVs que permitiam aos desencarnados verem o que acontecia aos encarnados. Emprestei o livro a Isabel e ela me confirmou: “É isso mesmo que vi no sonho...”
Verdades ou mentiras? Crenças de uns, descrédito de outros? Bem, eu faço parte da turma que acredita. E me deu um conforto muito grande saber que, quando eu fizer a minha passagem, terei à minha espera uma biblioteca tão especial. E muito mais coisas boas, como descreve Patrícia em seu livro. Um mundo espiritual onde há cinemas, teatros, aerobus (uma espécie de ônibus confortável e não poluente que flutua rente ao solo), uma arquitetura bem planejada, ruas arborizadas... Um local onde estudamos e trabalhamos. Sim, trabalhamos... E onde recebemos bônus-hora como salário para ser gasto, exclusivamente, com o lazer. Ou, se já somos mais evoluídos, onde trabalhamos apenas pelo amor, pelo prazer de servir.
Essa semana fui a um enterro. O padre terminou suas preces dizendo: “Descanse em paz.” Descansar? Quem quer descansar num mundo espiritual como o pintado por Patrícia?