– Tia, como é que você machucou o pé?
– Jogando vôlei.
– Também, né?, tia... Isso é que dá velha querer jogar vôlei.
Tive que ouvir essa pérola de um aluno da evangelização, trabalho que faço voluntariamente, com muito amor, todos os domingos. Tanto é que estava lá a postos, mesmo trajando uma incômoda bota de gesso. A frase idiota não ficou sem resposta, claro: “Você nunca ouviu falar em time master, não, amorzinho?”, mas o fato é que eu queria ter respondido: “Velha é o caralho!”
Como alguém pode se sentir velha tendo 41 anos num mundo que não para de nos fazer rejuvenescer? Obviamente, só rejuvenesce a cada dia quem quer. Tem gente que veste a carapuça da idade e se entrega mesmo, achando que, depois dos 40, é pagar mico usar minissaia, exibir longos cabelos soltos ao vento ou, simplesmente, sair pelas ruas com a joelheira arriada no tornozelo, indo toda serelepe pra aula de vôlei. Pessoas que pensam assim não estão com 40 anos... Estão com 60! “Se sentam” na poltrona pseudoconfortável, calçam os chinelos, vestem o roupão e ficam diante da TV vendo a vida passar...
Sabe, apesar do meu pouco mais de metro e meio, eu jogava vôlei na adolescência. No início da fase adulta, já casada, voltei a jogar na ACM e, em poucos meses, já tinha levado medalha de ouro pra casa. Mas como eu estava consolidando minha vida profissional, acabei tendo que largar o vôlei e quase 20 anos se passaram até que eu voltasse a uma quadra. Agora, quatro vezes por semana, visto a camisa tricolor (que honra!) e treino o esporte que sempre amei. Jogo com três ou quatro pessoas na mesma faixa etária que a minha. O resto é tudo garotada! Mas lá na quadra não tem diferença de idade. Somos a “família vôlei”. Todos se respeitam e se gostam. É um privilégio para mim eu me permitir estar ali, mesmo sendo uma... uma... velha (velha é o caralho!).
O vôlei me devolveu a auto-estima, levou embora uma porção de quilos extras, me ajudou a superar um grave problema familiar que vivi e ainda vivo (na quadra, não penso em nada!), já me trouxe mais uma medalha, me presenteou com novos amigos, me fez sentir viva e... JOVEM! Me trouxe também a botinha de gesso, rsrsrs! Torção no tornozelo... Quando eu jogava na adolescência vivia com o tornozelo enfaixado por conta do vôlei. Agora, cheguei a tentar convencer o médico a não me engessar: “Mas, doutor, na minha adolescência era só enfaixar que quatro ou cinco dias depois eu estava boa...” Aí tive que ouvir: “Mas é que depois de uma certa idade precisa imobilizar por no mínimo duas semanas...”
Bem, abafa o caso... Como diria o meu aluno, quem manda velha querer jogar vôlei! Mas vocês sabem também o que eu responderia a ele, né? Velha é o...!!!!!!