quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Ficção científica ou realidade?

Estávamos, eu e um grupo de pessoas, fugindo desesperadamente de homens que nos perseguiam. Era uma sensação de angústia muito grande. Embrenhávamos pelo verde muito bonito das montanhas, mas tinha aquele cinza no ar de quem tem medo. No momento eu que eu corria sobre uma frágil ponte feita de bambus, tendo ao meu encalço um chinês fardado aterrorizante, vi aquela onda imensa surgindo por trás de uma montanha. Volumosa, barrenta, escurecendo o dia... Eu e o chinês corremos para dentro de um casebre à nossa frente, onde já se escondiam outras pessoas. Todos se agacharam e ficaram encolhidos, esperando, sem direito à defesa, o destino final. Mas a água não nos cobriu. E o som ensurdecedor da big hola parou.

Eu fui a primeira a me levantar. Coloquei uma das mãos pela janela, sem coragem de olhar o que havia lá fora, e senti meus dedos transpassando uma água não fluida, mas pegajosa, oleosa... Tomei fôlego e olhei: a extensão da onda havia chegado apenas à altura da casa em que nos abrigáramos. Agora, podíamos abrir a porta e ter um mar aos nossos pés. O que antes era montanha havia virado praia.

Gritei de felicidade: “Estamos salvos! A onda não nos atingiu!” Todos – perseguidos e perseguidores – vibraram e se abraçaram. Começaram a trocar sorrisos, carinhos e até presentes. A dor do medo havia unido a todos nós. Não havia mais ódios, nem guerras. Apenas a felicidade diante do fato de que tínhamos sobrevivido àquela revolta da natureza. Apenas a certeza de que nossa fé havia nos salvado. Porque, agachada, lembro que rezei pedindo a Deus que me ajudasse...

Saí da casa e vi a montanha agora envolta pelo mar. Mas a água não era mais a mesma... Havia realmente óleo nela. Teria sido uma catástrofe ecológica? Algo relativo à ganância dos homens em explorar petróleo nas camadas mais profundas da Mãe Natureza? Vi, ao longe (mas perto o suficiente para meus olhos e meu coração entenderem tudo), pessoas felizes nadando naquela água. Elas haviam descido de uma embarcação muito estranha, semelhante a um disco voador, que sugava todo aquele óleo com grandes aspiradores.

Sem que eu saísse de onde estava, um dos tripulantes dessa nave-embarcação me enviou a mensagem telepática de que estava ali em paz, para aproveitar todo aquele óleo tão vital para seu planeta, uma vez que agora não precisaríamos mais dele. Disse, também, que nos resgataria, para que pudéssemos ficar em seu planeta enquanto a Terra se reconstituiria da catástrofe sofrida.

E acordei...

Sim, isso foi um sonho. Tão real quanto a maioria dos sonhos que tenho. Tão cheio de simbolismos e mensagens. Será preciso que aconteça uma grande catástrofe natural para que os homens parem de guerrear e se unam fraternalmente? Será preciso que seres mais evoluídos de outros orbes resgatem os poucos sobreviventes para que a Terra se recomponha e, mais tarde, possamos voltar a habitá-la?

Dizem que, no estágio em que nos encontramos, o homem aprende pela dor, não pelo amor. Esse sonho reflete bem isso... Gostaria que nenhuma catástrofe fosse necessária para que todos nós aprendêssemos que, para melhorar o nosso planeta, basta nos amarmos, nos aceitarmos... Basta termos coragem de perdoar... Basta sermos mais solidários... Basta que deixemos de lado o egoísmo, a ganância... Basta que cada um faça a sua parte, para que o todo se transforme.

Mas, em vez disso, esperamos estaticamente pela grande onda que se aproxima...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Cheiro de cocô é f...

Amo tanto o meu Rio de Janeiro... Amo mais ainda a Zona Sul, onde nasci e vivi até os 34 anos. Foi exatamente no dia 20 de julho de 2003 que desci de uma caravela em meio a um bairro sem mar, mas com uma bela mata (quase) virgem: Jacarepaguá. Até hoje conto os segundos, minutos, horas, dias em que poderei voltar ao meu habitat natural: Laranjeiras, Cosme Velho, Flamengo, Botafogo... Olha que nem quero tanto... Quereria mais se estivesse me referindo a Ipanema, ao Leblon!

Bem, mas o fato é que estou começando a repensar esse meu retorno às origens. Hoje fui de ônibus da Praia Vermelha até a Lapa e tomei um baita susto olfativo... Passando em frente àquela praça que tem um índio asteca no aterro do Flamengo, subitamente um cheiro de cocô humano invadiu o ônibus. Fiquei constrangida, mas foi tudo muito rápido, porque ali o ônibus corre mesmo... Porém, uns dois minutos depois, ao chegarmos em frente à praça Paris, o cheiro - ainda mais forte, insuportável pra ser sincera - invadiu novamente. E o pior: o sinal fechou, o ônibus parou.

Pude observar a maravilha de cenário que se transformou a praça Paris. Mendigo pra tudo quanto é lado... Pessoas fazendo caminhada na praça não se incomodavam. Interagiam numa boa. E no ar aquele cheiro INSUPORTÁVEL de cocô... Enquanto o ônibus ficou parado, permaneci com os dedos tapando meu nariz. E reparei que ninguém
se importava. Todos os outros passageiros pareciam estar acostumados com aquela fedentina. Quase tive um orgasmo quando o sinal abriu e saímos daquele Vietnã olfativo...

Fiquei pensando num turista passando por aquela praça, ainda engraçadinha, ou pelo lindíssimo aterro do Flamengo... Que Rio é esse que temos a oferecer? Além de violento, também fétido?

É por essa e outras que gosto cada vez mais do meu atual bairro da Freguesia. Sem mendigos, sem mau cheiro, muito bom pra se viver. Pena que tão longe de tudo... Longe da praia de Ipanema, longe do parque dos Patins, longe das Paineiras, longe da pista Claudio Coutinho, longe da banana split saboreada nas muradas da Urca... Mas longe, também, do cheiro de cocô humano!

Vanessa tem cortado meu coração...

Vanessa da Matta já havia sido citada no me blog. Mas não pela sua música. Por seus cabelos! E que cabelos! Tem que ter uma auto-estima lá em cima pra exibir aquela cabeleira... Agora vou falar rapinho sobre sua música. Gosto de muitas canções dela. Tomar um banho de chuva, banho de chuva... É A MINHA CARA! Ninguém me entendeu tão bem quanto ao MEU PRAZER de ir pra rua sem guarda-chuva em dia de chuva. AI, AI, AI, AI, AI, AI, AI, AI, AI, AI, AI, AI, AIIIIIIII! Bom demais!
Há algum tempo, ela cantava "Ainda bem que vc vive comigo, por que senão o que seria da vida, sei lá, sei lá...". Também fazia muita a minha cabeça e a do meu marido. ERA A NOSSA CARA! Agora, essa danada cabeluda, de voz tanto eufórica quanto aveludada, está fazendo picadinho do meu coração com a música "Amado". Fala sobre alguém que gosta de alguém que não devia e pede a Deus pra esquecer essa pessoa. Se isso fosse possível.
Olha, eu sou amada, eu tenho a meu lado quem eu amo. Mas, por motivos que só Freud explica, essa música me toca. Letra linda, arranjo lindo... Me faz achar que eu amo alguém que não me pertence, embora não seja bem assim. Acho que essa é magia de uma boa canção...
Vamos a ela?
Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr do Sol, postal, mais ninguém
Peço tanto a Deus
Para esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus
Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais
É tanta graça
lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Sinto absoluto o dom de existir,
não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina
É tanta graça
lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você

MAGOEI! EU QUE QUERIA TER ESCRITO ESSA LETRA!!! (rsrsrs!) Mas foi a própria Vanessa, acredita? Além de cantar bem, escreve bem também! Ô inveja boa!!!!!! Deus abençoe o talento de Vanessinha Cabeluda da Matta!

domingo, 10 de agosto de 2008

O beijo que ela não deu

Ela fechou a porta de casa ainda sem saber se havia feito o certo. Foi para a cama, tirou sua roupa toda e sentiu o lençol carinhando sua pele. Apenas o lençol... Ficou lembrando das últimas horas passadas junto àquela pessoa que mexia tanto com suas emoções. Numa mesa de bar. Conversas jogadas ao vento. Uma banda começou a tocar músicas que remetiam à adolescência deles, agora quarentões. Levantaram, dançaram. Evitaram trocar olhares. Melhor assim.

Ambos tinham ‘donos’. Usavam uma coleira invisível com o nome de pessoas que já estavam na estrada com eles há anos. A estrada andava empoeirada, é bem verdade. Mas ainda existia. Naquela noite, estavam sós. Encontraram-se ao acaso, se é que o acaso existe. E por que não tomar um chope, bater um papo? Mal algum... Quase nenhum... O problema era esse ‘quase’.

Já fazia um tempo que se sentiam atraídos. Um sentimento abrasivo, inquietante, de tirar o prumo. Mas a bússola da razão os colocava na direção exata que tinham que seguir. Um caminhar reto, sem olhar para o lado. Só que ali, naquele instante, eles não tinham outro lado a olhar que não eles mesmos. Sem um toque sequer, sem uma troca profunda de olhares, conseguiam o inacreditável: olhar profundamente no íntimo de cada um...

Na pista de dança, cada letra de música transmitia um recado:

‘I wanna hold your hand…’

‘Eu te abraçava do you wanna dance…’

Mas ele não pegou nas mãos dela. E o abraço entre os dois não veio. As bocas ficaram sedentas por um beijo.

A sede foi morta em mais uma rodada de chope. Desceu quadrado. Se as suas línguas tivessem se conhecido, o chope escorreria garganta abaixo levando com ele o sabor gostoso do proibido.

A falta de coragem foi um tempero ruim para o fim de noite. Melhor voltar pra casa. A graça daquele encontro casual ficou perdida entre um passo de dança e outro. Formavam um casal que não era casal, embora, se fosse, talvez fosse um casal e tanto.

Com a pele roçando nos lençóis, agora frios, ela questionava-se qual o sabor que aquele beijo teria. Doce... Voluptuoso... Enérgico... Molhado... Transcendental... Normal... Apenas conjecturas.

Adormeceu. E foi então que teve a resposta. Suas almas se encontraram e se beijaram. Sentiu o calor quente subir por sua espinha, como se acordada estivesse. E então constatou. Bom, muito bom... Bom demais. Melhor ainda por fazer parte dos sonhos. Sem pecado, sem juízo alheio.

Acordou sem dor de cabeça. E seguiu sua vida.


sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Os homens preferem as carecas

Definitivamente, a antiga marchinha “É dos carecas que elas gostam mais” está completamente desatualizada! Agora, isso se inverteu: é das carecas que eles gostam mais! Não, não pense que estou falando do couro cabeludo feminino. Desce mais um pouco. Mais um pouco. Achou! Eu me refiro justamente à parte do corpo da mulher chamada de região pubiana ou púbis. E onde, nela, nascem os tais pêlos púbicos, mais conhecidos como... Bom, deixa pra lá. O nome é feio demais!
Eu me recordo bem de quando, criança inocente, espiei pela primeira vez (por um buraquinho que meus irmãos haviam feito na porta do banheiro de serviço) a ‘secretária’ lá de casa e sua filha adolescente tomando banho. Nossa, o que era aquele matagal na perereca delas??? (Naquela época, eu chamava a dita-cuja de perereca...) Não podia acreditar que eram pêlos. Mas eram, meus irmãos me garantiram! Passei a achar que, como elas eram de Minas Gerais, apenas as mineiras tinham pêlos na perereca. Minha mãe e minha irmã mais velha – cariocas – nunca haviam ficado nuas na minha frente (coisa de uma outra geração, que não existe mais...). Então, só podia ser coisa de mineira! Carioca que se preze jamais teria aquela deformidade no corpo! O tempo passou, minhas amigas da escola me explicaram que era assim mesmo e que não demoraria eu teria os meus próprios pêlos pubianos. E não demorou mesmo...
Quando eu já era casada, eu e meu marido pegamos um filme pornô dos anos 20 chamado Aurora. O escolhemos porque achamos engraçado desde a capa até o título (nome da minha falecida avó!). E realmente caímos na gargalhada quando vimos a protagonista nua, exibindo uma verdadeira Mata Atlântica sobre a delicada pele pubiana. Isso aconteceu em 1994. Eu, como mulher, já havia passado pela tendência dos anos 80 – fartos, mas sem exageros (o exagero havia feito parte da geração anterior, as hippies, com exceção da Claudia Ohana, que insistiu em mostrar seu matagal démodé na Playboy de 1985) – e, já no final desta década, adotara a boa cera depilatória para reduzir a abrangência lateral dos pêlos e a boa e velha tesoura para podar aqueles que insistissem em crescer mais do que cinco centímetros. Não foi à toa, portanto, que eu e Rômulo demos sonoras gargalhadas ao ver a Aurora, toda fogosa, exibindo sua peruca púbica. E o pior: deixando seu parceiro enlouquecido de tesão. Nós, telespectadores, apenas rimos...
Década de 90 adentro, a cera foi ficando mais ousada... Surgia o tal bigodinho de Hitler. Confesso que não aderi a essa moda. Pra que tanto? Quem se revoltou contra isso foi Vera Fischer, que não temeu bombardeios masculinos ao aparecer na Playboy, em janeiro de 2000, já com tenra idade e exibindo uma vasta cabeleira pubiana. Ela disse algo assim: “Sou contra a ditadura do bigodinho de Hitler!” Os homens babaram, as mulheres aplaudiram e caiu por terra o nazismo na Zona Sul feminina! Mas a cera continuou fazendo das suas. Tornou-se arte. A mulherada ia pro salão querendo depilar corações, raios, setas indicando o caminho do amor, a letra inicial do nome do amado, etc. Passei batida por essa moda (que tem muitas adeptas até hoje), porque não estou aqui pra fazer da minha região pubiana um Picasso (desculpem o trocadilho...).
Agora, meus queridos leitores, eis que a ditadura da cera decidiu ir mais longe... Desde o ano passado que mal posso crer no que tenho ouvido e visto. Primeiro ouvi: AIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!! Era minha cunhada Paulinha, na casa da minha sogra, passando pelo quarto da tortura com a nossa amiga e depiladora Cacau. Ao final, Paulinha veio toda orgulhosa me mostrar sua obra-prima: a ‘perseguida’ igualzinha como veio ao mundo. Sem pêlo algum! Dias depois, ela me contou que seu marido havia ficado enfeitiçado pela novidade. “Doeu como nunca, mas valeu a pena!”
Desde então, passei a observar que esta é mesmo a nova ‘tendência de mercado’ no campo dos delírios sexuais. Na Playboy, o que se vê agora é ex-BBB nuinha em pêlo – literalmente! Sem pêlo algum!!!!!! E a maioria das adolescentes estão aderindo em massa, talvez numa nova versão do complexo de Peter Pan: preferem se manter com corpo de criança, embora suas mentes... ai, meu Deus... melhor nem comentar!
Eu tenho um amigo de 44 anos – mas com corpinho de 22 – que está namorando com uma mulher de 19 anos. Como ele mesmo diz, voltou à adolescência. E não é que foi mesmo? Qual não foi sua surpresa ao transar pela primeira vez com a moça e constatar que, em lugar dos habituais pêlos das mulheres mais velhas com quem ele estava acostumado a se relacionar, só encontrou uma pele lisinha, macia, extremamente aconchegante. Ficou pirado! Extremamente excitado! Gostou tanto da novidade que quase quis fazer o mesmo com seus próprios pêlos... Mas pensou duas vezes e apenas os aparou. Melhor assim, né? Porque esse papo de que são dos carecas que elas gostam mais não se aplica muito nesse quesito...
Um outro amigo meu, de 37 anos, disse que nunca deu de cara com a dita-cuja pelada, mas que, se desse, não ia gostar não... “Parece coisa de pedófilo! Tô fora! Ia brochar na hora...” Na minha enquete masculina, esse amigo parece ser uma exceção à regra. Embora seu comentário faça enorme sentido, o fato é que mais e mais homens estão curtindo a novidade. A Playboy da Natália está vendendo a rodo. As clinicas de depilação estão com a agenda cheia para a ‘extirpação radical’. Desse jeito, daqui a pouco, a menina quando entrar na puberdade já vai fazer aplicação de laser pra nunca mais ter pêlos nessa região. Ai, se essa moda pega!!!! Meus futuros netos, quando me virem pelada, vão cair na gargalhada...